quinta-feira, 23 de junho de 2011

Intervenção Precoce – Porque há tanto a fazer numa sala de berçário…

imageE depois de me estrear em berçário, posso dizer que foi dos anos mais ricos de aprendizagem… Penso que há três  grandes ideias a reter sobre a educação na primeira infância: os bebés fazem uma descoberta sensorial do mundo que os rodeia, necessitam de rotinas estáveis e espaços seguros e investem cognitivamente num contexto de afecto e segurança afectiva. Por isso, enquanto técnicos, devemos procurar propiciar o maior número de experiências que apelem aos 5 sentidos dos bebés, experiências adequadas ao seu nível de desenvolvimento, que os levem a aprender pela acção sobre si próprios, sobre os outros e sobre os objectos. Deve ser criado um contexto de aprendizagem apoiante, em que os bebés têm um papel activo nas suas conquistas e evoluções.

As rotinas têm, sem dúvida, um papel também fundamental. Os cuidados pessoais, de higiene e alimentação, devem ser tidos em conta como momentos de resposta às necessidades de cada bebé. No início nem todos fazem tudo à mesma hora, e o ritmo de cada um deve ser respeitado. Aos poucos vai sendo introduzida a uniformização das rotinas individuais para a rimageotina de grupo. Cria-se o momento do dia destinado à actividade orientada, o momento do almoço, da higiene, do repouso, do lanche, da exploração espontânea do espaço educativo. Tudo isto para vos dizer que a sala de berçário é a grande primeira experiência social da vida de um bebé. Com 1 ano cada um sabe qual é a sua cama, o  seu lugar à mesa, vai sentar-se no tapete quando se mostra um livro, repete gestos e palavras, ajuda a arrumar os brinquedos na caixa, começa a reconhecer o certo e o errado… As conquistas são quase diárias e existe um trabalho de retaguarda que no futuro vai fazer a diferença.

Deixo aqui uma lista de algumas das actividades desenvolvidas este ano, esperando poder ajudar aqueles que, como eu, não sentem que a faculdade prepare os técnicos para a intervenção pedagógica numa sala de berçário. Mas podemos sempre procurar mais, sermos um bocadinho auto-didactas e partilhar o que vamos descobrindo :) A creche não é, de todo, um “mal necessário”, acreditem! HÁ TANTO A GANHAR…! :)

  • Explorações com rocas e brinquedos sonoros 
  • As canções e as lenga-lengas: o poder do gesto e o forte apelo à repetição e à linguagem
  • Ginásio para bebés
  • O jogo do cu-cu
  • Bolinhas de sabão
  • Introdução de materiais de desperdício (caixas de cartão grandes e pequenas, rolos de cozinha
  • Amachucar e rasgar papel
  • O tapete das sensações (várias texturas, diferentes sensações – última imagem em baixo, à direita)
  • Os primeiros encaixes image (empilhar, tirar, encaixar)
  • Massa Mágica
  • Digitinta (Farinha + água + corante alimentar) 
  • Pintura com o dedo
  • Pintura da mão e do pé
  • Modelagem em massa-pão  
  • Exploração de livros de imagens 
  • Primeiras experiências com lápis de cera
  • Introdução de materiais para o faz-de-conta
  • Brinquedos de empurar e puxar
  • Sessões de movimento
  • Brincadeiras com Água

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4 comentários:

pink disse...

Olá Inês! Adorei o teu tópico sobre o Berçário. Tal como tu,fui uma estreante no Berçário há 3 anos e a preparação era pouca ou nenhuma,pois na faculdade nem sequer ouvi falar do Berçário. Posso dizer que foi um ano fantástico, uma experiência inesquecível e pode-se fazer tanta coisa... No próximo ano lectivo, vou repetir a experiência :)
Gostaria de te dar os Parabéns por esta descrição tão rica desta sala e perguntar-te como fizeste o tapete das sensações...Adorei a ideia.
Beijinhos

Clara disse...

Olá! Vim "bisbilhotar o vosso blog! Adorei! quanto a este tópico, tenho um bebe de 1 ano e fico fascinada com a rapidez que eles aprendem! Deixo também aqui o meu mais sincero convite para passar no meu cantinho, dedicado a eles (não tao pequenos, mas nunca é cedo demais para começar a despertar). Um abraço

Andreza disse...

Olá Inês,
Aqui no Brasil está acontecendo um despertar no que diz respeito ao crescimento e desenvolvimento infantil no âmbito da estimulação. Não sou uma educadora de formação, sou enfermeira em um berçário e não me conformei com a visão de que este é um ambiente destinado simplesmente aos cuidados básicos do bebê como alimentação e troca de fraldas. Acredito que, tendo em vista os apelos da neurociência e neuroplasticidade para esclarecer acerca da influência do meio no desenvolvimento psicomotor e de quão decisivo é o período até os três anos de idade, os responsáveis pelos cuidados no berçário, sejam educadores ou profissionais da saúde, não devem omitir-se de suas competências desenvolvimentais sob pena de submeter essas crianças a riscos de atraso no desenvolvimento ou não exploração de todo o seu potencial.
Grata pela iniciativa de compartilhar suas experiências e servir de luz no caminho pela busca do conhecimento.

Andreza Pimentel
Enfermeira, Brasil-SP

Andreza disse...

Olá Inês! Aqui estou novamente buscando inspiração no seu trabalho. Desejo que todos os que trabalham com bebês tenham o interesse e a oportunidade de conhecer condutas como a sua, pois o conhecimento é capaz de nos libertar para uma prática mais humanizada na abordagem do crescimento e desenvolvimento infantil. Derrubo um gigante por dia nessa luta, pois poucos são os que reconhecem a necessidade desas atividades no berçário, subestimando a capacidade dos pequenos em aprender novas habilidades. Perco boa parte do meu tempo tentando convencê-los disso e buscando estratégias para viabilizar o meu trabalho. Boa sorte com sua tragetória.

Andreza Pimentel
Enfermeira - puericultura
São Paulo - SP Brasil